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Ismália

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Letras
Com a fé de quem olha do banco a cena

Do gol que nós mais precisava na trave

A felicidade do branco é plena

A pé, trilha em brasa e barranco, que pena

Se até pra sonhar tem entrave

A felicidade do branco é plena

A felicidade do preto é quase

Olhei no espelho, Ícaro me encarou

Cuidado, não voa tão perto do sol

Eles num 'guenta te ver livre, imagina te ver rei

O abutre quer te ver de algema pra dizer

Ó, num falei no fim das conta é tudo

Ismália, Ismália

Ismália, Ismália

Ismália, Ismália

Quis tocar o céu, mas terminou no chão

Ismália, Ismália

Ismália, Ismália

Ismália, Ismália

Quis tocar o céu, mas terminou no chão

Ela quis ser chamada de morena

Que isso camufla o abismo entre si

E a humanidade plena

A raiva insufla, pensa nesse esquema

A ideia imunda, tudo inunda

A dor profunda é que todo mundo é meio tema

Paísinho de bosta, a mídia gosta

Deixou a falha e quer migalha de quem corre com fratura exposta

Apunhalado pelas costa

E**o pelo imposto imposta

E como analgésico nós posta que

Um dia vai 'tá nos conforme

Que um diploma é uma alforria

Minha cor não né uniforme

Hashtags pretonotopo, bravo

Oitenta tiros te lembram que existe pele alva e pele alvo

Quem disparou usava farda

Quem te acusou nem lá num tava

Porque um corpo preto morto é tipo os hit das parada

Todo mundo vê, mas essa p**a não diz nada

Olhei no espelho, Ícaro me encarou

Cuidado, não voa tão perto do sol

Eles num guenta te ver livre, imagina te ver rei

O abutre quer te ver drogado pra dizer

Ó, num falei no fim das conta é tudo

Ismália, Ismália

Ismália, Ismália

Ismália, Ismália

Quis tocar o céu, mas terminou no chão

Ter pele escura é ser

Ismália, Ismália

Ismália, Ismália

Ismália, Ismália

Quis tocar o céu, mas terminou no chão

Primeiro 'cê sequestra eles, rouba eles, mente sobre eles

Nega o deus deles, ofende, separa eles

Se algum sonho ousa correr, 'cê para ele

E manda eles debater com a bala que vara eles, mano

Infelizmente onde se sente o sol mais quente

O lacre ainda 'tá presente só no caixão dos adolescente

Quis ser estrela e virou medalha num boçal

Que coincidentemente tem a cor que matou seu ancestral

Um primeiro salário

Duas fardas policiais

Três no banco traseiro

Da cor dos quatro Racionais

Cinco vida interrompida

Moleques de ouro e bronze

Tiros e tiros e tiros

O menino levou cento a onze

Quem disparou usava farda

Quem te acusou nem lá num 'tava

É a desunião dos preto junto à visão sagaz

De quem tem tudo, menos cor

Onde a cor importa demais

Quando Ismália enlouqueceu

Pôs-se na torre a sonhar

Viu uma lua no céu

Viu outra lua no mar

No sonho em que se perdeu

Banhou-se toda em luar

Queria subir ao céu

Queria descer ao mar

E num desvario seu

Na torre, pôs-se a cantar

Estava perto do céu

Estava longe do mar

E como um anjo

Pendeu as asas para voar

Queria a lua do céu

Queria a lua do mar

As asas que Deus lhe deu

Ruflaram de par em par

Sua alma subiu ao céu

Seu corpo desceu ao mar

Olhei no espelho, Ícaro me encarou

Cuidado, não voa tão perto do sol

Eles num 'guenta te ver livre, imagina te ver rei

O abutre quer te ver no lixo pra dizer

Ó, num falei no fim das conta é tudo

Ismália, Ismália

Ismália, Ismália

Ismália, Ismália

Quis tocar o céu, mas terminou no chão

Ter pele escura é ser

Ismália, Ismália

Ismália, Ismália

Ismália, Ismália

Quis tocar o céu, mas terminou no chão

Quis tocar o céu, terminou no chão