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Orvalho no Quintal

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Lirik
"É um vão de verdura onde um riacho canta

A espalhar pelas ervas farrapos de prata

Como se delirasse, e ao sol da montanha

Num espumar de raios seu clarão desata

Jovem soldado, boca aberta, a testa nua

Banhando a nuca em frescas águas azuis

Dorme estendido e ali sobre a relva flutua"

Dançando com a sombra

Meus cabelos flutuam

Lembro que estou vivo, ainda cansado

Um cigarro aceso é a tocha que me guia

Em meio ao horizonte desértico

Um homem morto, sem nome ou família

Estirado na estrada, abutres rodeiam

Como se eu pudesse prever o futuro

E esquecer o passado

Viver com mais calma, eu rezo todos os dias

Na noite fria minha alma passeia

Sertão, veredas e as chagas

Estigmatas na pele

Como se eu estivesse pronto para o sacrifício do cervo sagrado

Adormecido como um poeta no cume do vale negro

Percebo como tudo é frágil, mas nada é fácil pra mim

Todos vencem e eu me jogo do cânion

Torrentes me empurram e eu flutuo como as folhas

Que antes eram belas, hoje mortas, em pedaços

Tal qual meu corpo e meus sonhos

Perdido e exausto, um escravo do presente

Cavando com as mãos a própria cova

Debaixo do sol e do aço num verão rimbaudiano

Macedônico, ríspido e seco

Desde que levantei sem fé

Hoje em busca do que me converta

E me faça olhar aos céus pedindo sossego

"Frágil, no leito verde onde chove luz

Com os pés entre os lírios, sorri mansamente

Como sorri no sono um menino doente

Embala-o, natureza, aquece-o, ele tem frio

E já não sente o odor das flores, o macio da relva

Adormecido, a mão sobre o peito

Tem dois furos vermelhos do lado direito"

Orvalho no Quintal oleh Guto - Lirik & Cover