Toda vez que eu viajava
pela estrada de Ouro Fino
De longe eu avistava
a figura de um menino
(Fábio Vivi)
Que corria abrir a porteira
e depois vinha me pedindo
"Toque o berrante, seu moço,
que é pra eu ficar ouvindo"
(Rafael Leila)
Quando a boiada passava
e a poeira ia bai ando
Eu jogava uma moeda e ele saía pulando:
(Luilton Reh)
"Obrigado, boiadeiro, que
Deus vá lhe acompanhando"
Pra aquele sertão afora
meu berrante ia tocando
(Mari Viny)
Nos caminhos desta vida
muitos espinhos eu encontrei
Mas nenhum calou mais fundo
do que isso que eu passei
(Ronaldo Douglas)
Na minha viagem de volta
qualquer coisa eu cismei
Vendo a porteira fechada,
o menino não avistei
(Vagner Leila Gui)
Apeei do meu cavalo e no
ranchinho à beira chão
Vi uma mulher chorando,
quis saber qual a razão
(Reh Luilton Viny)
"Boiadeiro veio tarde,
veja a cruz no estradão
Quem matou o meu filhinho
foi um boi sem coração"
(Fábio Mari Rafael)
Lá pras bandas de Ouro
Fino levando gado selvagem
Quando passo na porteira
até vejo a sua imagem
(Ronaldo Vivi Douglas)
O seu rangido tão triste
mais parece uma mensagem
Daquele rosto trigueiro
desejando me boa viagem
(Todos)
A cruzinha no estradão
do pensamento não sai
Eu já fiz um juramento
que não esqueço jamais
Nem que o meu gado estoure,
que eu precise ir atrás
Neste pedaço de chão
berrante eu não toco mais