Diga você me conhece 
Eu já fui boiadeiro 
Conheço essas trilhas 
Quilômetro, milhas 
Que vem e que vão 
Pelo alto sertão 
Que agora se chama 
Não mais de sertão 
Mas de terra vendida 
Civilização 
Ventos que arrombam janelas 
E arrancam porteiras 
Espora de prata riscando as fronteiras 
Selei meu cavalo 
Matula no fardo 
Andando ligeiro 
Um abraço apertado 
E um suspiro dobrado 
Não tem mais sertão 
Os caminhos mudam com o tempo 
Só o tempo muda um coração 
Segue seu destino boiadeiro 
Que a boiada foi no caminhão 
A fogueira, a noite 
Redes no galpão 
O paiero, a moda 
O mate, a prosa 
A saga, a sina 
O causo e onça 
Tem mais não 
Ô peão 
Tempos e vidas cumpridas 
Pó, poeira, estrada 
Estórias contidas 
Nas encruzilhadas 
Em noites perdidas 
No meio do mundo 
Mundão cabeludo 
Onde tudo é floresta 
E campina silvestre 
Mundão caba não 
Sabe, prum bom viajante 
Nada é distante 
Prum bom companheiro 
Não conto dinheiro 
Existe uma vida 
Uma vida vivida 
Sentida e sofrida 
De vez por inteiro 
E esse é o preço preu ser brasileiro 
Os caminhos mudam com o tempo 
Só o tempo muda um coração 
Segue seu destino boiadeiro 
Que a boiada foi no caminhão 
A fogueira, a noite 
Redes no galpão 
O paiero, a moda 
O mate, a prosa 
A saga, a sina 
O causo e onça 
Tem mais não 
Ô peão