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Bastidores

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Lirik
Tô dentro dos camarins, não paro de fumar cigarros.

É o meu primeiro concerto desde Nunca estive assim tão tenso Nervosismo intenso O M pergunta-me se está tudo bem Eu digo-lhe que está tudo ok Mas claro que não o convenço

Passa-me um iPod com sons Beto de Shellas Álbuns de Cella, Duellas, Yank Fellas e Nell Assassin Ando de uma sala para outra sala, vê se a tensão se isala Da mala tiro uma garrafa de Ballantines

Damastor também está bem tranquilo Eu assimilo toda a tensão que ele propala Faltam minutos para subirmos ao palco

Passam os minutos mais o pânico se instala Como é que o público irá reagir?

Será que vai ser aquele silêncio dramático?

Será que vão estar eufóricos?

Será que vão estar apáticos?

Será que vão estar vibrantes?

Será que vão estar estáticos?

Será que vão gritar por mim do início ao fim?

Tô aqui no camarim a viver esse stress traumático

E espalhou o vento em seu dedo

Pera, pera, pera.

Mas quem?

Aqueles gajos lá do bairro da Boa Vista.

Aqueles gajos do Aluno Fafó?

Sim, mesmo esses gajos.

Rebentaram o gajo completamente.

O gajo está no hospital e o caralho.

Esses gajos estão lá?

Já, mas um gajo já dedica-nos tropas, já o pessoal está reunido e eu quero ações lá de frente.

Tu estás bem, um gajo está aí no clube que eu ponho um gajo também.

Está a seguir, está a seguir.

Dois carros com cinco manos em cada um No carro onde eu estou gira-se uma pirra e um charro

Toda a gente exaltada, só eu em silêncio Manos mixam medo e fúria, sentimento bizarro Chegámos, avistámos os manos Saímos rápido dos carros com posse de sicilianos

Esmorramos, pontapeámos os dois, ensanguentámos os gajos, festival de violência insano.

Coral!

Boé derruído, bocas, narizes partidos Boé, sangue escorrido e os dois gajos tendidos

voltámos pós carros envaidecidos da barbaridade que tínhamos cometido sem sentido no carro risos silenciava os meus avisos que daqui a um dia seríamos nós os agredidos

Chegámos à Damaio, já estava mais que tenso Propenso a pensar que agora que o bife tinha implodido

Fui para casa, não consegui dormir A noite toda a refletir com aquilo foi descabido

No dia seguinte fui ter com o ucraniano para comprar aquela marreta que ela me propusera Agora vivo neste medo voraz Ando na rua sempre a olhar para trás

Quando aparecerem eles viram tipo as centenas Tipo hienas prontos para fazer a merda mais obscena

E o que é que eu farei com esta arma?

Armar-me em gangsta para evitar o karma?

Dar tiros aos niggas como se tivesse em L.A.

Arruma niggas como se não houvesse lei

Tchau.

Tchau, tchau.

Tchau.

Quando ela era só minha amiga, diziam que ela era a alquimia, a magia que ela sonhara.

Que a relação deles tinha uma sinergia rara.

Aquele tipo de amor que nenhum tempo do mundo sara.

Seis anos de namoro intenso e ardente.

E o sexo era sempre luminescente e transcendente.

Agora ela é minha namorada.

Diz que está enfeitiçada e o nosso amor é incandescente.

Ela desce-me e diz-me que me ama Olho nos olhos dela, sinto-a soberana

Tirana, vulnerável, tesão indomável À espera que hoje seja incomparável na cama

Envolvo o meu corpo no corpo dela Deitada sinto-a frágil e singela Aperto-a, penetro, liberto todo o afeto que tenho por ela Para ela sentir a minha tutela

Ela entrega-se, navega na comoção, no mar de excitação e no encaixe que nos atrela.

Penso no ex-namorado dela, nas noites de amor e ardor que ela contava

Será consigo dar-lhe a mesma transcendência?

Será consigo dar-lhe a mesma efervescência?

Será consigo ser assim tão sublime, fazer com que ela alucine através da minha vimência?

Penso, meu pênis murcha outra vez Lá se vai toda a robustez e toda a magnificência

Ela fica frustrada mas finge que entende Eu tento relaxar mas a tesão não reassente Ela abraça-me e diz-me que não há stress Mas ela mostra compaixão mas a excitação esmorece

O que é que ela está a pensar de mim?

Que eu nunca chego ao fim?

Que o sexo é sempre assim assim?

que sou impotente e capaz sempre fugaz na performance ao contrário do eixo dela que era um as

Nunca lhe vou dar prazer como ex-namorado Que lhe dava o céu estrelado e aquele sexo mortaz

Amém.

Tchau.