Eu me lembro muito bem do dia 
Em que eu cheguei 
Jovem que desce do norte pra cidade grande 
Os pés cansados e feridos de andar légua tirana 
E lágrimas nos olhos de ler o Pessoa 
E de ver o verde da cana 
Em cada esquina que eu passava, um guarda me parava 
Pedia os meus documentos e depois sorria 
Examinando o três-por-quatro da fotografia 
E estranhando o nome do lugar de onde eu vinha 
Pois o que pesa no norte, pela lei da gravidade 
Disso Newton já sabia, cai no sul grande cidade 
São Paulo violento, corre o rio que me engana 
Copacabana, Zona Norte 
E os cabarés da Lapa onde eu morei 
Mesmo vivendo assim, não me esqueci de amar 
Que o homem é pra mulher 
E o coração pra gente dar 
Mas a mulher, a mulher que eu amei 
Não pode me seguir, não 
Desses casos de família e de dinheiro 
Eu nunca entendi bem 
Veloso, o sol não é tão bonito pra quem vem 
Do norte e vai viver na rua 
A noite fria me ensinou 
A amar mais o meu dia 
E pela dor eu descobri o poder da alegria 
E a certeza de que tenho coisas novas 
Coisas novas pra dizer 
A minha história é, talvez 
É talvez igual a tua, jovem que desceu do norte 
Que no sul viveu na rua 
E que ficou desnorteado, como é comum no seu tempo 
E que ficou desapontado, como é comum no seu tempo 
E que ficou apaixonado e violento como, como você 
A minha história é, talvez 
É talvez igual a tua, jovem que desceu do norte 
Que no sul viveu na rua 
E que ficou desnorteado, como é comum no seu tempo 
E que ficou desapontado, como é comum no seu tempo 
E que ficou apaixonado e violento como, como você 
Eu sou como você 
Eu sou como você 
Eu sou como você que me ouve agora 
Eu sou como você 
Eu sou como você 
Eu sou como você 
Eu sou como você 
Eu sou como você 
Eu sou como você